Tempo seco e frio leva crianças asmáticas ao hospital.
Responsável por cerca de 400 mil internações hospitalares por ano, a doença atinge cerca de 20% da população pediátrica e consiste no terceiro maior gasto do SUS (Sistema Único de Saúde), totalizando um custo de R$ 111 milhões.
Considerada uma das doenças mais comuns na infância, a asma é um pesadelo para os pais. Um dos grandes problemas é que quem sofre da doença não a encara como crônica e não segue um tratamento contínuo e preventivo.
Os tratamentos contra a doença evoluíram nos últimos dez anos, mas a maioria dos asmáticos procura auxílio em momentos de crise somente. Um erro que atrapalha o cotidiano e o bem-estar desses pacientes e aumenta o número de internações, faltas na escola e no trabalho. E ainda pode ser fatal em alguns casos.
O clima seco e frio do outono e do inverno faz com que a asma ataque. Além disso, a maior incidência de viroses respiratórias também aumenta o risco dos asmáticos entrarem em crise, em especial as crianças pequenas.
São os que não seguem o tratamento ao longo do ano, de maneira preventiva, que costumam se desesperar na crise. É importante que esses pais reconheçam que a asma, assim como a diabetes, é uma doença crônica que necessita de tratamento permanente.
Ao contrário do que se pensava, sabe-se hoje que os bebês também sofrem de asma. Há 15 anos, o diagnóstico de asma era dado somente a partir dos 5 anos de idade; hoje sabemos que ela pode se manifestar já no primeiro ano de vida. Um dos sintomas iniciais é o sibilo (chiado), ruído respiratório anormal que indica uma constrição (estreitamento) dos brônquios, situação comum na asma.
Aliás, além dos sibilos ou chiados, quem sofre de asma costuma apresentar dificuldade para respirar, tosse e cansaço aos esforços. Em casos mais graves, durante a crise, o organismo pode sofrer com a falta de oxigênio e a doença pode levar à morte.
De caráter hereditário e, em geral, associada a fatores alérgicos, a asma é uma doença inflamatória que atinge o pulmão, causando estreitamento brônquico que dificulta a passagem do ar, além de aumento das secreções em vias aéreas. O tratamento consiste no uso de medicamentos que associam anti-inflamatórios e broncodilatadores, em especial por via inalatória.
Esses medicamentos por via inalatória são mais seguros, pois têm menor chance de causar efeitos colaterais do que os medicamentos usados por via oral, como hipertensão, diabetes, aumento de peso e inchaços.
Para prevenir a asma, também é essencial controlar determinados fatores ambientais que costumam desencadear a alergia. A retirada da poeira e a limpeza do colchão, da casa, dos bonecos de pelúcia, dos cobertores, das cortinas e dos edredons são importantes para o controle de ácaros e fungos.
Os ambientes também devem ser arejados. Quem tem bichos de estimação deve investigar se não são eles os responsáveis pelas crises. A fumaça do cigarro e a poluição são inimigos dos asmáticos, por isso passeios pelos parques e viagens para ambientes menos poluídos, como praia ou campo, são também boas medidas de prevenção. Quando a causa do problema é a alergia, existe a possibilidade de promover a hipossensibilização por meio de vacinas alergênicas (imunoterapia específica para o alérgeno).
Engana-se quem ainda acha que asmáticos devem evitar os exercícios físicos. A prática de esportes desenvolve a capacidade pulmonar, fortalece os músculos da caixa torácica e é importante para superar o broncoespasmo na hora da crise. Sem contar que assim a criança se sente integrada, menos excluída, rompendo o estigma de que a asma é incapacitante.
Antes da atividade física, o correto é usar a medicação preventiva. Deve-se também acompanhar o paciente, se possível, com medição da capacidade pulmonar e dos fluxos respiratórios (espirometria ou prova de função pulmonar). O ideal é que, antes de optar pelo esporte, haja uma consulta médica.
Alergia
Alergia é um distúrbio onde o corpo se mostra hiperreativo a uma substância (chamada então de alérgeno). Algumas pessoas são alérgicas a determinadas substâncias e outras não. Isto se deve parcialmente devido a fatores hereditários. Algumas famílias parecem ser mais susceptíveis a alergia que outras, apesar de algumas alergias não serem necessariamente hereditárias. Distúrbios emocionais também podem desencadear processos alérgicos. É possível que um fator emocional seja ser o principal fator desencadeante em alguns ataques asmáticos.
Para determinar a causa de um processo alérgico, o(a) médico(a) colhe uma história detalhada do paciente, podendo solicitar Testes Cutâneos para determinar a substância a qual o indivíduo tem alergia. No Teste Cutâneo, injeta-se sob a pele um pequeno volume de uma solução bem diluída da substância suspeita. Uma reação vermelha intensa indica alergia a uma substância em particular.
Na ocorrência de uma reação alérgica de causa desconhecida, o(a) médico(a) provavelmente prescreverá comprimidos anti-histamínicos ou corticosteróides nasais ou sprays para controlar os sintomas. Quando se conhece a causa da alergia, o paciente pode submeter-se a dessensibilização com injeções do alérgeno específico. Este processo nem sempre obtém sucesso, sendo considerado até mesmo perigoso por alguns especialistas.
Uma reação alérgica a uma picada de inseto ou a um antibiótico como a penicilina é potencialmente perigosa e pode mesmo ser fatal. Uma reação leve geralmente causa vermelhidão na face. Em uma reação violenta (choque anafilático), o paciente tem uma dificuldade progressiva para respirar. O choque anafilático é uma emergência médica e, felizmente, raro.
Bronquiolite infantil ou Asma?
A bronquiolite é uma doença das vias respiratórias, mais frequente após infecções respiratórias. Com a saúde frágil, a infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) leva à inflamação nos bronquíolos, que passam a produzir mais muco (catarro), que se acumula e acaba obstruindo a passagem do ar, explica o Dr. José Eduardo Delfini Cançado, Presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
A doença acomete principalmente as crianças menores de dois anos de idade, especialmente os meninos, que apresentam naturalmente as vias aéreas inferiores - brônquios e bronquíolos - mais estreitas que as das meninas.
Ocorre com maior frequência nos meses de outono e inverno, período em que há maior circulação deste vírus.
Sintomas como, tosse, falta de ar, chiado no peito, febre, obstrução nasal e a perda de apetite são alguns dos indícios da bronquiolite. Alguns casos trazem também febre alta e persistente e recusa de alimentos e líquidos, levando o paciente à desidratação.
Por conta dos diversos sintomas comuns a ambas, nem sempre é simples diferenciar a bronquiolite de uma crise de asma. Por este motivo, ao primeiro sinal de desconforto, é importante encaminhar a criança para avaliação médica. Só o especialista poderá identificar a doença corretamente e orientar o tratamento mais adequado, rapidamente. Conforme o estado de saúde do paciente, a presença de complicações e o grau de desconforto respiratório, podem ser necessários hospitalização e fisioterapia respiratória.
“As doenças respiratórias agudas são as principais causadoras de morte infantil. Isso porque, nem sempre as famílias conseguem identificar que a irritação e a recusa alimentar do bebê são, na realidade, uma enorme falta de ar. Por isso é muito importante que a mãe esteja atenta a estes sintomas e encaminhe seu filho ao médico tão logo perceba os sintomas”, explica a Dra. Marina Buarque de Almeida, pneumopediatra da SPPT.
Mas não são apenas as crianças que são acometidas pelo Virus Sincicial Respiratório. Segundo a dra. Marina, o VSR pode também acometer os maiores e inclusive adultos. “Nestes casos geralmente são acometidos apenas as vias aéreas superiores, como nariz, laringe, faringe e seios paranasais, não chegando aos pulmões, como acontece em crianças menores”.
oCasos de bronquiolite aumentam no outono e no inverno
Bebês com menos de um ano são as principais vítimas da doença, que, se não for tratada, pode levar à morte
Com sintomas parecidos com os de um resfriado, como dificuldades para respirar, chiado no peito, respiração ofegante, tosse seca, secreção nasal e febre, a bronquiolite é a principal causa de internação de crianças com menos de 1 ano. Pesquisas apontam que o número de casos de bronquiolite dobra nos meses de outono e inverno.
Doença respiratória, causada principalmente pelo vírus VSR (vírus sincicial respiratório), consiste numa inflamação dos bronquíolos (estruturas que auxiliam na condução do ar aos alvéolos, onde ocorre a oxigenação), que passam a produzir mais muco, causando obstrução na passagem do ar e, nos casos mais intensos, alterações na oxigenação.
Apesar de acometer os adultos, a bronquiolite é mais comum em crianças de até 2 anos, sendo a fase mais crítica entre os três meses e seis meses. A doença costuma ser mais grave em prematuros e lactentes com doenças pulmonares crônicas ou imunodeficiências.
Com um aparelho respiratório não formado totalmente e um sistema imunológico imaturo, essas crianças são acometidas de maneira mais grave pela doença, por isso têm mais chance de apresentar complicações.
Muitos pais têm dificuldade em reconhecer que a recusa da criança para comer, vômitos e irritação estão relacionados à falta de ar relacionada à bronquiolite. Na dúvida, o ideal é procurar ajuda médica.
Além do VSR, responsável por 80% dos casos da enfermidade nos pequenos, a bronquiolite também pode ser desencadeada por outros vírus. Em outros casos, também pode ocorrer obstrução dos brônquios e bronquíolos em consequência de danos provocados pela inalação de poeira e ácaros, da fumaça do cigarro e gases tóxicos, que também são causas de sibilância (chiado no peito) em crianças pequenas.
O tratamento, na maioria dos casos, se resume ao combate dos sintomas e pode ser feito em casa. Há alguns pacientes, no entanto, que precisam de internação, pois a falta de ar é tão intensa que pode causar insuficiência respiratória, falta de oxigênio no organismo, que pode levar à morte.
Ainda não existe uma vacina para controle do mal, mas há um tratamento preventivo, indicado principalmente para prematuros e bebês com doenças crônicas. Trata-se de um anticorpo que funciona como uma vacina e, de acordo com estudos, evita a hospitalização em 70% dos casos.
Altamente contagioso, o vírus sincicial se dissemina por meio de contato com a secreção de nariz, olhos e boca de pessoas infectadas. Além de manter a casa arejada e evitar os ambientes aglomerados, incorporar o hábito de lavar as mãos ainda é a melhor forma de prevenção.